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Gavião-miudinho Accipiter superciliosus (Linnaeus, 1766)
Ordem: Accipitriformes | Família: Accipitridae | Politípica (2 subespécies)


Indivíduo adulto. Foto:
Roberto Cirino

Trata-se de um astuto predador de pequenas aves, sendo rápido em suas investidas. Devido ao seu comportamento discreto e arisco, é um dos gaviões mais subamostrados do Brasil. Habita florestas primárias e secundárias e bordas de matas. Também conhecido como tauató-passarinho e gavião-caçador-pequeno.


Descrição:
Mede de 24 a 27 cm de comprimento, peso médio de 75 g (macho) e 115-134 g (fêmea) (Bierregard & Kirwan 2013). Apresenta plumagem marrom escuro na cabeça e nuca, com dorso acinzentado e partes inferiores branco com finas barras acinzentadas. As fêmeas são similares aos machos e alguns indivíduos podem apresentar padrão de plumagem "ruivo".

Taxonomia: Olson (2006) afirma que esta espécie não deveria ser classificada no gênero Accipiter, pois apresenta diferenças osteológicas consideráveis em relação as seus congêneres. O autor sugere que essa espécie seja classificada em outro gênero, o Hieraspiza.

Dieta e comportamento de caça: Caça pequenas aves, como pica-paus (Piculus), beija-flores (Trochilidae) e chocas (Thamnophilidae); Em menor frequência caça insetos, roedores e pequenos lagartos. Sua estratégia de caça principal consiste em aguardar a presa a partir de um poleiro, oculto no meio da vegetação, lançando-se rapidamente em perseguição (Del Hoyo et al. 1994). Gosta de caçar em horários de crepúsculo, surpreendendo beija-flores em seus poleiros, quando estão distraídos arrumando a plumagem ou em banho de sol, emboscando-os previamente. Stiles (1978) sugere que a espécie seja um destacado especialista na captura de beija-flores (Trochilidae), porém, outros autores contestam essa especialização (Carrano & Straube 2014).

Na Argentina, Militelo (2005) observou um indivíduo perseguindo um bem-te-vi (Pitangus sulphuratus). No Brasil, Costa & Vargas (2011) registrou um indivíduo atacando de forma bem sucedida, um pica-pau-dourado-escuro (Piculus chrysochloros) entre um bando misto de aves.

Reprodução: Dados reprodutivos bastante escassos. Coloca de um a três ovos; Na Venezuela já foi registrado utilizar um ninho abandonado de gavião-belo Busarellus nigricollis (Márquez et al. 2005).

Distribuição e subespécies: Neotropical, ocorre desde a América Central até o norte da Argentina, incluindo grande parte do Brasil. São reconhecidas duas subespécies:

  • A. s. fontanieri: Ocorre do Nicarágua ao sul, ocidente da Colômbia e Equador.
  • A. s. superciliosus: Oriente dos Andes desde Colômbia, Venezuela (exceto região nordeste do país) até Guiana. Também do sul do Equador, oriente de Peru, Bolívia, Paraguai, norte da Argentina e Brasil.

No Brasil ocorre na região setentrional (Amazônia) e oriental, indo do Maranhão a Santa Catarina e no extremo noroeste do Rio Grande do Sul.

Habitat e comportamento: Habita o estrato médio de florestas primárias e secundárias, mas é observado sobrevoando clareiras e plantações. Tem comportamento solitário, mas os casais podem permanecer juntos durante o ano todo. Devido ao pequeno tamanho, hábitos estritamente florestais e comportamento tímido, evadindo-se rapidamente entre a vegetação, conta escassos e pontuais registros no país, sugerindo ser um gavião raro ou subamostrado.

Movimentos: Espécie residente.



:: Página editada por: Willian Menq em Jan/2018. ::




Referências:

Bierregaard, R.O., Jr & Kirwan, G.M. (2013) Tiny Hawk (Accipiter superciliosus). In: del Hoyo, J., Elliott, A., Sargatal, J., Christie, D.A. & de Juana, E. (eds.) (2013). Handbook of the Birds of the World Alive. Lynx Edicions, Barcelona.,

Carrano, E. & Straube, F. C. (2014) Sobre a distribuição e conservação de Accipiter superciliosus (Linnaeus, 1766) no estado do Paraná. Atualidades Ornitológicas Online, 177: 33-39.

Costa, T.V.V., and C.F. Vargas (2011) Tiny Hawk Accipiter superciliosus attacking a Golden-green Woodpecker Piculus chrysochloros in central Amazonian Brazil. Cotinga 33:134-136.

Márquez, C., Gast, F., Vanegas, V. & M. Bechard. 2005. Aves Rapaces Diurnas de Colombia. Bogotá: Instituto de Investigación de Recursos Biológicos Alexander von Humboldt. 394 p.

Olson, S. L. (2006) Reflections on the systematics of Accipiter and the genus for Falco superciliosus Linnaeus. Bulletin of the British Ornithologists' Club 126:69-70.

Santos, R. E. F, P. Scherer-Neto & J. L. B. Albuquerque (2009) Gaviões: Família Accipitridae, p. 167-196. In: IAP (Instituto Ambiental do Paraná). Planos de Conservação para espécies de Aves Ameaçadas no Paraná. Curitiba: IAP/Projeto Paraná Biodiversidade

Sick, H. (1997) Ornitologia Brasileira. Rio de Janeiro. Ed. Nova Fronteira.

Stiles, F. G. (1978) Possible specialization for hummingbird-hunting in the Tiny Hawk. Auk 95:550-553.

Site associado: Global Raptor Information Network (em inglês)

 

Citação recomendada:

Menq, W. (2018) Gavião-miudinho (Accipiter superciliosus) - Aves de Rapina Brasil. Disponível em: < http://www.avesderapinabrasil.com/accipiter_superciliosus.htm > Acesso em: .



 
 

Distribuição Geográfica:

Status: (LC) Baixo risco

Chamado - (gravado por: Joseph Tobias)
By: xeno-canto.




Indivíduo adulto (forma ruiva) predando
rolinha-roxa (C. tapalcoti).
Araguatins/TO, Maio 2012.

Foto: Cristóvão Silva
 

Indivíduo adulto. Palmeirante/TO,
Abril de 2012. Foto:
Mariana Vabo
 

Indivíduo adulto.
Serra do Navio/AP, Julho de 2016.

Foto: Wirley Almeida
 

Indivíduo adulto.
Manaus/AM, Nov. 2010.
Foto:
Andrew Whittaker
 

Indivíduo adulto.
Ribeirão Grande/SP, Jul 2012.
Foto:
Oscar Abener Fenalti