Corujinha-do-mato Megascops choliba (Vieillot, 1817)
Ordem: Strigiformes | Família: Strigidae | Politípica (9 subespécies)
Indivíduo adulto. Ribeirão Cascalheira/MT. Foto: Willian Menq |
Espécie muito comum no Brasil, encontrada em florestas, borda de matas e áreas urbanas arborizadas. É bastante ativa assim que anoitece, durante o período reprodutivo vocaliza com frequência, seu canto lembra um sapo-cururu. Alimenta-se basicamente de insetos, como besouros, mariposas e gafanhotos.
Descrição: Possui 20-24 cm de comprimento e peso de 96-160 g. Destaca-se os dois tufos de penas no alto da cabeça e íris amarela. Há variações individuais na plumagem, de forma geral, são conhecidos dois padrões da plumagem: forma cinza e ferrugínea. Adulto (forma cinza) possui a face cinza contornada com preto, peito cinza estriado e finas listras transversais, dorso cinza-amarronzado com machas escuras. Na forma ferrugínea o indivíduo apresenta a plumagem marrom-avermelhada no dorso e ventre, ao invés de cinza. O jovem é mais claro e não apresenta os tufos de penas no alto da cabeça. Ocorre ao lado de suas congêneres, podendo ser facilmente confundida com elas, sendo a vocalização a forma mais segura de identificar a M. choliba.
Vocalização: Seu chamado mais característico é um piar acelerado, ascendente, emitido com grande frequência no escurecer, lembrando um sapo-cururu.
Espécies-similares: É muito semelhante as outras Megascops que ocorrem no Brasil, tanto na cor da íris quanto na plumagem. A vocalização da corujinha-do-mato é bem singular, o meio mais confiável na identificação da espécie.
Dieta e comportamento de caça: Sua dieta é constituída principalmente de insetos, como gafanhotos e mariposas. Em ambientes urbanos fica próxima à postes de iluminação para capturar insetos atraídos pela luz. Pequenos vertebrados como camundongos e rãs são menos frequentes em sua dieta, há registros oportunos de caça a cuícas (Gracilinanus sp.), cobras, pequenas aves e anuros.
Reprodução: Nidifica em ninhos abandonados, cavidades e ocos de árvores. No norte do Brasil se reproduz nos períodos de janeiro a julho, já no sul e sudeste seu período de reprodução é nos meses de setembro a outubro. Coloca de 3 a 7 ovos que são incubados pela fêmea durante 26 dias, neste período o macho é responsável pela alimentação da fêmea e posteriormente de toda a família. No período reprodutivo, ambos os sexos vocalizam ativamente.
Distribuição e subespécies: É encontrada desde o leste dos Andes, Costa Rica, leste do Equador, Colômbia, Peru e Bolívia, Venezuela, Guiana, Suriname, Guiana francesa, Paraguai, Uruguai, norte da Argentina e em todo o Brasil. São conhecidas 9 subespécies:
- M. c. choliba: ocorre no sul do Brasil, do sul do estado de Mato Grosso e São Paulo até o leste do Paraguai;
- M. c. luctisonus: ocorre da Costa Rica até o noroeste da Colômbia; também ocorre nas Ilhas Pérolas do litoral do Panamá;
- M. c. margaritae: ocorre na Ilha Margarita, do litoral da Venezuela;
- M. c. duidae: ocorre no Monte Duida no sul da Venezuela;
- M. c. cruciger: ocorre do leste da Colômbia até a Venezuela, nas Guianas, no leste do Peru e no nordeste do Brasil;
- M. c. surutus: ocorre na Bolívia;
- M. c. decussatus: - ocorre na região central, leste e sul do Brasil;
- M. c. wetmorei: ocorre no oeste do Paraguai e no norte da Argentina;
- M. c. uruguaii: ocorre do sudeste do Brasil até o Uruguai e o nordeste da Argentina.
Habitat e comportamento: Aparentemente é generalista quanto ao habitat, pode ser encontrada em savanas, matas de galeria, clareiras e bordas de matas, áreas semiabertas com árvores esparsas, parques urbanos e áreas residenciais com boa arborização (Menq & Anjos 2015). Evita florestas densas, e prefere climas quentes, normalmente é encontrada abaixo 1.500 m do nível do mar.
À noite, pode ser encontrada pousada em galhos baixos de árvores ou arbustos às margens de estradas, mourões de cercas ou em fios de eletricidade; como com outras corujas, o voo é silencioso. Encontra-se ativa nos primeiros minutos da noite, é uma espécie bem detectável e responde muito bem ao playback. Durante o dia busca abrigo nas folhagens densas das árvores ou em fendas ou buracos de árvores, como aqueles feitos por pica-paus.
Barros & Motta-Junior (2014) monitoraram quatro indivíduos machos com radiotransmissores para estimar o tamanho da área de ação e seleção de hábitat no cerrado do sudeste do Brasil. O tamanho médio da área de vida variou de 51 a 80 ha. Durante o período noturno, a espécie preferia áreas semiabertas (campos e cerrado sensu stricto), evitando áreas abertas (campo sujo). Os bosques e áreas com plantações de Pinus eram usados como sítio de descanso durante o dia. São frequentes os atropelamentos de indivíduos da espécie ao longo de rodovias, que são usadas como sítio de caça.
Movimentos: Espécie residente.
:: Página editada por: Willian Menq em Fev/2018. ::
Referências:
Barros, F. M. & Motta-Junior, J. C. (2014) Home range and habitat selection by the Tropical Screech-owl in a brazilian savanna. J Raptor Res. 48(2) :142-150
Holt, W., Berkley, R., Deppe, C., Enríquez Rocha, P., Petersen, J.L., Rangel Salazar, J.L., Segars, K.P. & Wood, K.L. (1999) Species acounts of Strigidae. Em: Del Hoyo, J., A. Elliott, e J. Sargatal, (eds.) Handbook of the birds of the world. Volume: 5: barn-owls to hummingbirds. Barcelona, Espanha. Lynx Edicions. 759p.
Konig, C. & Weick, F. (2008) Owls of the world. Segunda Edição. New Haven, Connecticut: Yale
University Press.
Menq, W. & Anjos, L. (2015) Habitat selection by owls in a seasonal semi-deciduous forest in southern Brazil. Brazilian Journal of Biology. v. 75(4.1):143-149.
Motta-Junior, J.C. (2002) Diet of breeding Screech-owls (Otus choliba) in southeastern Brazil. J. Raptor Res. 36: 332-334.
Sick, H. (1997) Ornitologia Brasileira. Nova Fronteira, RJ.
Citação recomendada:
Menq, W. (2018) Corujinha-do-mato (Megascops choliba) - Aves de Rapina Brasil. Disponível em: < http://www.avesderapinabrasil.com/megascops_choliba.htm > Acesso em:
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