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Gavião-carijó Rupornis magnirostris (Gmelin, 1788)
Ordem: Accipitriformes | Família: Accipitridae | Politípica (12 subespécies)


Indivíduo adulto. Foto: Willian Menq

Gavião muito comum no Brasil, frequentemente observado nos centros das cidades ou às margens de rodovias. Gosta de planar em círculos nas horas mais quentes da manhã, emitindo uma vocalização característica. Também é conhecido pelos nomes de gavião-ripino, gavião-pinhel, gavião-pega-pinto, inajé, gavião-pinhé, anajé, gavião-indaié, indaié e papa-pinto.


Descrição: Mede de 33-41 cm de comprimento, peso de 206-290 g (macho) e 257-350 g (fêmea) (Márquez et al. 2005). Apresenta uma grande variação de plumagem, alguns mão mais acinzentados (região amazônica), enquanto outros possuem tonalidades mais pardas (sul, sudeste). De modo geral, o adulto apresenta o dorso e cabeça marrom-escuro, com partes inferiores creme com listras horizontais mais escuras; íris, bico e tarsos amarelos. O jovem é mais claro, com cabeça creme, além de listras verticais grossas abaixo do pescoço. Melanismo: Em dezembro de 2010, no Suriname, um indivíduo adulto, totalmente escuro foi fotografado em uma área rural, sugerindo ser o primeiro registro de melanismo nesta espécie.

Dieta e comportamento de caça: Alimentação variada, caça artrópodes (mariposas, besouros, gafanhotos, cigarras), pequenos répteis (lagartos, lagartixas, cobras), aves e roedores. Sick (1997) relata a captura morcegos em seus poleiros diurnos. Caça a partir de um poleiro, permanecendo na espreita até avistar uma presa e atirar-se sobre ela. Pode seguir formigas-de-correição para capturar insetos e pequenos vertebrados espantados pelas formigas. Também saqueia ninhos de outras aves, e de forma menos frequente pode caminhar no solo para capturar invertebrados.

Camacho et al. (2012) observaram a espécie forrageando tanajuras (Atta sp.) em revoada sobre um fragmento florestal em Cachoeiras de Macacu, RJ. O gavião forrageava junto a outros rapinantes (Harpagus diodon, Heterospizias meridionalis e Milvalgo chimachima), sem nenhum comportamento agonístico registrado entre as espécies, provavelmente devido à abundância de alimento local e efêmero.

Reprodução: Constrói o ninho no alto de árvores, em alturas que podem variar de 3 a 15 m de altura. O ninho é construído em formato de plataforma rara, possuindo em média, 50 cm de diâmetro. Coloca de 1 a 2 ovos brancos pontilhados ou levemente estriados de marrom, com período de incubação de 35-37 dias. A fêmea é responsável pela incubação, e nesse período é alimentada pelo macho. Nos horários em que não está caçando, o macho fica vigiando a área do ninho pousado em poleiros próximos, vocalizando sempre que avista um intruso. Durante o período reprodutivo torna-se agressivo, acuando e dando voos rasantes em qualquer intruso que aproximar-se da área do ninho.

No interior do Paraná, W. Menq (obs. pess.) acompanhou durante três anos consecutivos (2005 a 2007) um casal de uma área rural do município de Peabiru. Em cada temporada de reprodução, o casal construía um novo ninho, normalmente em árvores próximas do ninho antigo.

Distribuição e subespécies: Ocorre desde norte do México, América Central até a Argentina, Peru e por praticamente todo o Brasil, exceto nas áreas densamente florestadas do norte do país. São conhecidas 12 subespécies.

  • R. m. griseocauda: México (Colima, Nuevo León, Tamaulipas), Costa Rica e oeste do Panamá (Chiriquí);
  • R. m. sinopse: sudeste do México (Tabasco e Yucatán) e Belize;
  • R. m. gracilis: México (Cozumel, Holboxra);
  • R. m. petulans: sudoeste da Costa Rica e noroeste do Panamá;
  • R. m. alius: Panamá (Ilhas Pérola);
  • R. m. sinushonduri: Honduras;
  • R. m. magnirostris: leste do Panamá, Colômbia, oeste do Equador, leste do sul dos Andes a leste do Equador, Venezuela, Guianas e porção sul da floresta amazônica (Brasil).
  • R. m. occiduus: leste do Peru, norte da Bolívia e oeste do Brasil;
  • R. m. saturatus: Bolívia, Paraguai, sudoeste do Brasil até o oeste da Argentina;
  • R. m. nattereri: nordeste do Brasil (Maranhão até o sul da Bahia);
  • R. m. magniplumis: sul do Brasil (Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul), até o norte da Argentina (Misiones), e áreas adjacentes do Paraguai (Alto Paraná);
  • R. m. pucherani: Uruguai e nordeste da Argentina.

Habitat e comportamento: Pode ser encontrado em savanas, campos naturais, borda de matas, capoeiras, margem de rios e lagos, florestas e áreas urbanas. É um dos gaviões mais comuns e abundantes dos centros urbanos, vive solitário ou aos pares, passando maior parte do tempo empoleirado no alto de árvores, mourões de cerca, postes e fios de eletricidade. Possui um grito de alerta característico, emitido assim que qualquer intruso se aproxime de seu território. Nas horas mais quentes da manhã costuma planar em círculos, patrulhando seu território. Quando voa em casal, um vocaliza para o outro durante vários minutos.

Movimentos: Espécie residente.

 



:: Página editada por: Willian Menq em Jan/2018. ::




Referências:

Camanho, I.; Honorato, R. S.; Fernandes, B. C.; Boechat, R. F.; Souza-Filho, C. & Kanegae, M. F. (2012) Aves de rapina diurnas forrageando tanajuras (Atta sp.) em revoada em uma paisagem fragmentada de floresta atlântica, sudeste do Brasil. Revista Brasileira de Ornitologia, 20(1), 19­21

Panasci T.; Whitacre, D. (2000). Diet and Foraging Behavior of Nesting Road-side Hawks in Pete´n, Guatemala. Wilson Bull, v. 112, n. 4, p. 555-558.

Márquez, C., Gast, F., Vanegas, V. & M. Bechard. (2005) Aves Rapaces Diurnas de Colombia. Bogotá: Instituto de Investigación de Recursos Biológicos Alexander von Humboldt. 394 p.

Sazima, I. & J. V. Hipolito (2017) Peaceless doves: predators of two columbid species at an urban park in southeastern Brazil. Rev. Bras. Ornitol. 25(1): 67-70.

Sick, H. (1997) Ornitologia brasileira. Rio de Janeiro: Ed. Nova Fronteira, 862p.

Site associado: Global Raptor Information Network

 


Citação recomendada:

Menq, W. (2018) Gavião-carijó (Rupornis magnirostris) - Aves de Rapina Brasil. Disponível em: < http://www.avesderapinabrasil.com/rupornis_magnirostris.htm > Acesso em: .



 
 

Distribuição Geográfica:

Status: (LC) Baixo risco

Chamado - (gravado por: Mauricio Alvarez)
By: xeno-canto.




Indivíduo adulto.
Cianorte/PR, Julho de 2016.
Foto: Willian Menq
 

Indivíduo adulto.
Bom Jesus/RS, Abril de 2009.
Foto:
Juliana N. Martins
 

Indivíduo jovem.
Florianópolis/SC, Março de 2010.
Foto:
Rodrigo Cezar Pamplona
 

Indivíduo adulto.
Guaporé/RS, Jan. de 2016.
Foto: Willian Menq
 

Indivíduo adulto. Refúgio Ecológico Caiman, Miranda/MS. Ago 2010.
Foto:
Douglas P.R. Fernandes
 

Indivíduo jovem.
Florianópolis/SC, Março de 2010.
Foto:
Rodrigo Cezar Pamplona
 

Casal de gavião-carijó. Florianópolis/SC, Setembro de 2012.
Foto: Willian Menq
 

Indivíduo predando lagarto.
Porangatu/GO, Nov de 2017.
Foto: Willian Menq
 

Indivíduo adulto.
Ribeirão Cascalheira/MT, Jun 2014.
Foto: Willian Menq