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Caracoleiro Chondrohierax uncinatus (Temminck, 1822)
Ordem: Accipitriformes | Família: Accipitridae | Politípica (2 subespécies)


Indivíduo adulto (fêmea). Foto: Marcelo Camacho

Gavião de aparência incomum, encontrado em florestas e bordas de matas, normalmente associado a rios ou brejos. Como seu próprio nome diz, alimenta-se principalmente de caracóis e caramujos, que captura através de buscas movendo-se de galho em galho na floresta. Também conhecido como gavião-bico-de-gancho.


Descrição:
Mede de 39 a 51 cm de comprimento, peso de 215-277 g (macho) e 235-360 g (fêmea) (Bierregaard et al. 2016). Adulto apresenta íris que varia do cinza-azulado ao quase branco; bico grande, largo e pontudo, com parte nua acima dos olhos de coloração amarelo-limão bem visível; tarsos curtos, amarelos; cauda larga com duas faixas claras bem visíveis (às vezes, mais raramente, com uma única faixa central clara). Possui mais de um padrão de coloração de plumagem; Macho adulto: apresenta dorso cinza-ardósia com ventre barrado entre o cinza-claro e branco; Fêmea adulta: apresenta dorso marrom-escuro, face cinza, ventre barrado entre o marrom e branco; Adulto melânico (ambos os sexos) possui coloração preto-fosco quase uniforme e sem barrado no ventre enquanto que o jovem melânico também é predominante presto-fosco, apresentando um pouco de barrado nas coberteiras das asas; Jovem forma clara (ambos os sexos) possuí dorso marrom-escuro, ventre branco e um pouco de barrado marrom no peito.

Dieta e comportamento de caça: Sua alimentação é constituída principalmente de gastrópodes arbóreos (Orthalicus, Helicina e Drymaeus), terrestres (Strophocheilus) e aquáticos (Pomacea), nos quais os engolem com casca (caracóis) (Fergunson-Lee & Christie 2001; Whitacre 2012). Ocasionalmente caça pequenas lagartas, caranguejos, anfíbios (sapos, salamandras) e lagartixas (Sick, 1997; Fergunson-Lee & Christie 2001). Caça procurando suas presas a partir de poleiros abaixo da linha das copas, ou realizando buscas movendo-se de galho em galho (Sick, 1997; Antas, 2005).

No Brasil, Andre De Luca (2015, com. pess.) relatou o consumo de algumas espécies de gastrópodes dos gêneros Strophocheilus, Megalobulimus, Auris, Cochlorina, Rhinus, Solaropsis, Oxychona e Burringtonia. Em São Paulo, Martins & Donatelli (2014) registraram o consumo do caramujo-africano (Achatina fulica).

Reprodução: Constrói o ninho no alto de árvores, em alturas que variam entre 5 e 7 m do solo. No Parque Nacional de Tikal (Guatemala) foram relatados ninhos a mais de 30 m de altura. Quanto a postura, coloca de um a dois ovos, com tempo médio de incubação de 35 dias.

Distribuição e subespécies:
Ocorre dede o México até o norte da Argentina, incluindo todo o Brasil (Sick, 1997; Krugel 2003). São reconhecidas duas subespécies:

  • C. u. uncinatus: ocorre do México até a América do Sul e Trinidade;
  • C. u. mirus: exclusivo da ilha de Granada (Pequenas Antilhas).

Alguns autores consideram as populações mexicanas como uma subespécie a parte, denominada de C. u. aquilonis, supostamente por apresentar mais barrado no ventre e dorso escuro (Fergunson-Lee & Christie 2001). No entanto, a variação indivídual é considerável nesta espécie (tanto no México quanto em outras partes de sua distribuição), sugerindo que o status de subespécie para essas populações não é merecido, o que já foi apoiado por análises genéticas (Johnson et al. 2007). A população existente na ilha de Cuba era anteriormente classificada como uma subespécie, C. u. wilsonii. Recemente, de acordo com evidências genéticas e morfológicas, é aceito pela maioria dos autores como uma espécie plena, denominada de Chondrohierax wilsonii (Johnson et al. 2007).

No Brasil ocorre em praticamente todo os Estados, exceto nos pampas gaúchos e nas áreas mais áridas do sertão nordestino, sempre habitando áreas próximas de rios ou brejos.

Habitat e comportamento: Vive em florestas e borda de matas, normalmente encontrado próximo a rios ou brejos (Sick 1997), às vezes voando alto sobre essas áreas. Encontrado geralmente sozinho ou aos pares; Paulson (1983) já observou um bando de 25 indivíduos planando juntos, sugerindo ser localmente migratório. Em Pirajuí/SP, existe uma pequena população habitando a zona urbana, provavelmente devido a oferta de caramujo-africano (Achatina fulica) comum no município, talvez indicando que a espécie esteja se adaptando à ambientes urbanos (Martins & Donatelli 2013).

Movimentos: Espécie residente, com algumas populações migratórias (Bildstein 2006). Pode realizar migrações locais em resposta à mudança das condições do habitat.


:: Página editada por: Willian Menq em Fev/2018. ::



Referências

Antas, P. T. Z. Aves do Pantanal. RPPN: Sesc. 2005.

Bierregaard, R.O., Jr, Kirwan, G.M. & Marks, J.S. (2016). Hook-billed Kite (Chondrohierax uncinatus). In: del Hoyo, J., Elliott, A., Sargatal, J., Christie, D.A. & de Juana, E. (eds.).Handbook of the Birds of the World Alive. Lynx Edicions, Barcelona. (retrieved fromhttp://www.hbw.com/node/52955 on 16 May 2016).

Krugel, M. M. (2003) Registro documentado de Chondrohierax uncinatus (Temminck, 1822)(Falconiformes: Accipitridae) para o Rio Grande do Sul. Ararajuba 11 (1):83-84.

Márquez, C., Gast, F., Vanegas, V. & M. Bechard. (2005) Aves Rapaces Diurnas de Colombia. Bogotá: Instituto de Investigación de Recursos Biológicos Alexander von Humboldt. 394 p.

Martins, R. M. & Donatelli, R. J. (2014) Predação de caramujo-africano (Achatina fulica) pelo gavião-caracoleiro (Chondrohierax uncinatus) em Pirajuí, interior do estado de São Paulo. Atualidades Ornitológicas, 178 p. 6-8.

Paulson, D. R. 1983. Flocking in the Hook-billed Kite. Auk 100: 749-750.

Sick, H. (1997) Ornitologia brasileira. Rio de Janeiro: Ed. Nova Fronteira, 862p.

Smith DC (1982) Trophic ecology of the cichlid morphs of Cuatro Cienegas, Mexico. MS thesis, University of Maine, Orono.

Site associado: Global Raptor Information Network

 



Citação recomendada:

Menq, W. (2018) Caracoleiro (Chondrohierax uncinatus) - Aves de Rapina Brasil. Disponível em: < http://www.avesderapinabrasil.com/chondrohierax_uncinatus.htm > Acesso em: .



 
 

Distribuição Geográfica:

Status: (LC) Baixo risco

Canto - (gravado por: Ciro Albano)
By: xeno-canto.




Fêmea adulta.
Bauru/SP, Maio de 2015.
Foto:
Breno Fidencio Tamarozzi
 

Macho adulto.
Pirajuí/SP, Julho de 2013.
Foto:
Rafael Martos Martins
 

Indivíduo jovem.
Mongaguá/SP, Dez 2014.
Foto:
Conceição Garcia Bianchin
 

Fêmea adulta.
Corumba/MS, Dez. de 2016.
Foto:
Willian Menq
 

Indivíduo Jovem.
Aracruz/ES, Janeiro de 2013.
Foto:
Aureo Guaitolini
 

Adulto melânico.
Pirajuí/SP, Julho 2013.
Foto:
Rafael M. Martins