Gavião-tesoura Elanoides forficatus (Linnaeus, 1758)
Ordem: Accipitriformes | Família: Accipitridae | Politípica (2 subespécies)
Indivíduo adulto. Guaporé/RS. Foto: Willian Menq |
Espécie facilmente identificável em voo, possuí uma cauda bifurcada em forma de “V”, dando origem ao nome popular. É migratório no sul, sudeste e centro-oeste do Brasil, onde aparece entre os meses de agosto e março. Insetívoro, normalmente caça e consome suas presas em voo.
Descrição: Mede de 52-66 cm de comprimento, peso médio de 407 g (macho) e 435 g (fêmea), e envergadura de asas de 120-135 cm (Márquez et al. 205). De fácil identificação, possui cauda escura, longa, terminada em "V". Cabeça, pescoço e partes inferiores branco; dorso, asas e cauda preto. Em voo, nota-se as coberteiras inferiores da asa brancas, contrastando com primárias pretas.
Dieta e comportamento de caça: Alimenta-se de invertebrados que captura e consome em voo, também preda pequenos répteis, cupins, formigas, lagartas, lagartixas, rãs, filhotes de aves, além da fruta do murici (Brysonima sp.) e do camboatá-vermelho (Cupania vernalis) (Antas, 2005; Sick, 1997; W. Menq, obs. pes.). Azevedo & Di-Bernado (2005) relataram, na Ilha de Santa Catarina, 127 capturas de presas por adultos de E. forficatus, sendo 62% de insetos, 4% de anuros, 2% de aves, 1% de répteis, e 31% de presas não-identificadas. Aves, répteis e anuros foram capturados principalmente durante o período de corte, e oferecidos às fêmeas antes da cópula ou para voos de exibição. Este comportamento chamava a atenção dos outros indivíduos nos sítios reprodutivos; cerca de 57% das presas foram capturadas em árvores e 36% no ar.
Reprodução: Nidifica no alto de árvores, construindo o ninho com gravetos, ramos e musgos, normalmente nidifica em colônias (Antas 2005). Coloca de dois a três ovos de coloração branco ou creme, com período de incubação de 24 a 28 dias, realizado por ambos os pais, apesar ser a fêmea a que permanece mais tempo no ninho. Ambos os pais alimentam e cuidam dos filhotes; possivelmente os filhotes saem do ninho com seis ou sete semanas, continuando nas redondezas por mais algumas semanas, até migrarem (Antas, 2005; Sick, 1997).
Indivíduos adultos não-reprodutivos, podem ajudar outros machos na construção de ninhos e na defesa da prole. A existência de um terceiro indivíduo que interage com um casal já formado, foi observado no trabalho de Azevedo & Di-Bernado (2005) na Ilha de Santa Catarina.
Distribuição e subespécies: Ocorre desde o sul dos Estados Unidos até o norte da Argentina, incluindo todo o Brasil (Antas, 2005; Sick, 1997). São reconhecidas duas subespécies:
- E. f. forficatus: tem como área reprodutiva o sudeste dos Estados Unidos até o norte do México, com migrações para a América Central e América do Sul, incluindo parte do Brasil;
- E. f. yetapa: sul do México, América Central, com migrações para Colômbia, Equador, Peru, Bolívia, Paraguai, Brasil e norte da Argentina. Além disso, há uma população de E. f. yetapa que realiza migrações austrais, nidificam no sul e sudeste do Brasil com migrações de invernagem para o norte do continente.
No Brasil ocorre desde o Amazonas, Piauí e sul da Bahia até o norte do Rio Grande do Sul, geralmente associado à formações florestais.
Habitat e comportamento: Habita florestas, matas de galeria, borda de matas e áreas abertas com poucas árvores. Vive em bando de 5 a 10 indivíduos, com alguns grupos podendo chegar até 30 indivíduos. Em voo, fácil de identificar pela cauda em formato de tesoura igual das tesourinhas (Antas, 2005). Permanecem juntos em cada sítio de reprodução, formam dormitórios coletivos, afugentam predadores, e se reproduzem em colônias (Azevedo & Di-Bernado, 2005). Para afugentar animais que representam potencial ameaça, o gavião-tesoura se reúne em um único bando e cada indivíduo executa um mergulho rápido, acompanhado de vocalização, mergulhando próximo ao dorso do intruso, podendo acuar até gaviões poderosos como o gavião-pato (Spizaetus melanoleucus) (obs. pess. Willian Menq).
Movimentos: Durante o período de abril a julho, as populações de E. forficatus do Brasil estão concentradas na região amazônica. A partir do final de julho e inicio de agosto os E. forficatus iniciam seus movimentos migratórios para o sul e sudeste do Brasil. Além disso, nesse mesmo período, indivíduos em invernagem da subespécies E. f. forficatus, oriundos do sudeste dos EUA, podem aparecer em algumas regiões do Brasil, especialmente no norte e centro-oeste.
:: Página editada por: Willian Menq em Fev/2018. ::
Referências:
Antas, P. T. Z. (2005) Aves do Pantanal. RPPN: Sesc.
Azevedo, M. A. G. & Di-Bernardo, M. (2005) História natural e conservação do gavião-tesoura, Elanoides forficatus, na Ilha de Santa Catarina, sul do Brasil. Ararajuba 13(1): 81-88.
Márquez, C., Gast, F., Vanegas, V. & M. Bechard. (2005) Aves Rapaces Diurnas de Colombia. Bogotá: Instituto de Investigación de Recursos Biológicos Alexander von Humboldt. 394 p
Meyer, K. D. e M. W. Collopy (1995) Status, distribution, and habitat requeriments of the American swallow-tailed kite (Elanoides forficatus) in Florida. Fla. Game and Fresh Water Fish Comm. Nongame Wildl. Program Project Rep. Tallahassee, Fla.
Sick, H. (1997) Ornitologia brasileira. Rio de Janeiro: Ed. Nova Fronteira, 862p. 1997
Skutch, A. F. (1965). Life history notes on two American Kites. Condor 67: 235-246
Snyder, N. F. R. (1974) Breeding biology of Swallow-tailed Kites in Florida. Living Bird 13:73-97.
Site associado: Global Raptor Information Network
Citação recomendada:
Menq, W. (2018) Gavião-tesoura (Elanoides forficatus) - Aves de Rapina Brasil. Disponível em: < http://www.avesderapinabrasil.com/elanoides_forficatus.htm > Acesso em:
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