Gavião-peneira Elanus leucurus (Vieillot, 1818)
Ordem: Accipitriformes | Família: Accipitridae | Politípica (2 subespécies)
Indivíduo adulto. Cianorte/PR. Foto: Jessica M. Nascimento Menq |
O gavião-peneira é assim chamado devido ao seu hábito de "peneirar" no ar, ou seja, pairar a baixa altura à procura de roedores no solo. Pode ser encontrado em campos, pastagens, e em áreas abertas inseridas na matriz urbana. É conhecido também como gavião-peneirador, peneira e peneireiro-cinzento.
Descrição: Mede de 38-43 cm de comprimento e peso de 174 a 186 g (Marquez et al. 2005). Adulto apresenta asas pontiagudas, partes superiores cinza-claros, coberteiras superiores das asas formando larga mancha negra, laterais da cauda brancos; partes inferiores brancas com uma nódoa negra na região da asa; íris avermelhada. O jovem diferencia-se pela presença de estrias castanhas no peito, pescoço e cabeça, além do dorso marrom com manchas esbranquiçadas.
Espécies similares: O gavião-peneira (E. leucurus) pode ser confundido com o gaviãozinho (Gampsonyx swainsonii), diferenciando-se principalmente pelo maior tamanho, pela ausência do colorido da face e nuca, e dorso cinza-claro com "ombros" pretos, ao invés do dorso homogêneo cinza-amarronzado.
Dieta e comportamento de caça: Alimenta-se principalmente de roedores; Ocasionalmente pode capturar lagartos, insetos e pequenas aves. Sua principal técnica de caça é a de "peneirar" no ar, ou seja, de pairar no ar a pouca altura (8 a 20 m) para localizar as presas em solo. Ao observar um roedor ou inseto, coloca as asas para cima e atira-se contra a presa, ao chegar próximo do solo dá uma batida de asa para frear a queda e apanhar a presa; De forma mais rara pode capturar insetos ou aves em perseguições aéreas.
Faria (2007) relatou um indivíduo jovem capturando uma ave, o tico-tico-do-campo Ammodramus humeralis. O gavião, após um breve período de sobrevoo pelo pasto, investiu velozmente sobre o A. humeralis que forrageava no solo em uma área de pastagem.
Reprodução: Usa ninhos abandonados de outras aves ou constrói o ninho com gravetos e ramos verdes no topo de árvores, aos quais acrescenta capins e gravetos para realizar a postura. Coloca de 3 a 5 ovos, com período de incubação de 30 a 32 dias, com os filhotes voando entre 35 e 40 dias após o nascimento. Tanto o macho quando a fêmea participam da construção do ninho, cabendo ao macho o papel de alimentar os filhotes e fêmea, até os filhotes saírem do ninho (Sick, 1997; Antas, 2005).
Distribuição e subespécies: De distribuição neotropical, ocorre desde o sul e oeste dos Estados Unidos até o sul da Argentina e Chile, incluindo todo o Brasil, ausente apenas nas áreas densamente florestadas (Sick, 1997; Ferguson-Lees & Christie, 2001). São conhecidas duas subespécies:
- E. l. majuscurus: ocorre na região ocidental e meridional dos EUA, indo até o México, Panamá e parte da América Central;
- E. l. leucurus: ocorre do centro-oeste do Panamá indo aos Andes, nordeste do Equador, Bolívia, Chile, Uruguai, Argentina e Brasil (Del Hoyo et al. 1994).
Habitat e comportamento: Habita ambientes campestres, encontrado em campos naturais, cerrado, borda de matas e periferia de áreas urbanas. É beneficiado pelo desmatamento causado pelo avanço de áreas agrícolas e pastagens, tornando-se numeroso em alguns locais. É bastante ativo no ínicio da manhã e no final da tarde, onde é observado sobrevoando áreas abertas à procura de presas. Gosta de pousar em fios de eletricidade e mourões de cerca para descansar ou consumir suas presas. Acredita-se que as populações do sul do continente sejam migratórias, detalhes de seus movimentos são pouco conhecidos (Antas, 2005; Sick, 1997).
O gavião-peneira é bastante territorial, defende seu território de caça contra qualquer potencial competidor. No municipio de Cianorte/PR, W. Menq & J. M. Nascimento (obs. pess. 2015) observaram um indivíduo adulto de E. leucurus perseguindo e acuando um jovem Falco femoralis. Na ocasião, o E. leucurus, pousado no alto de um poste próximo a outro indivíduo (prov. um casal), saiu velozmente do poleiro em direção ao F. femoralis que passava pelo local, iniciando uma breve perseguição. O E. leucurus voava rápido, acompanhando a velocidade do falcão, e em alguns momentos executou mergulhos contra o F. femoralis, tentando atingi-lo. O F. femoralis, assustado, saiu rapidamente da área voando em direção a uma mata, escapando das investidas do gavião.
Movimentos: Espécie residente.
:: Página editada por: Willian Menq em Fev/2018. ::
Referências:
Antas, P. T. Z. (2005) Aves do Pantanal. RPPN. Sesc.
Del Hoyo, .J., Elliot, A. E Sargatal, J. (1994) Handbook of the birds of the world (2 v). Bird Life International Lynx Editions, 638p.
Faria, I. P. (2007) Registro de Elanus leucurus (Falconiformes, Accipitridae) predando Ammodramus humeralis (Passeriformes, Emberizidae) no Brasil central. BOL. MUS. BIOL. MELLO LEITÃO (N. SÉR.) 21:79-84.
Freguson-Lees, J. & D. A. Christie (2001) Raptors of the world. Boston, New York: Houghton Miffin Company.
Márquez, C., Gast, F., Vanegas, V. & M. Bechard. (2005) Aves Rapaces Diurnas de Colombia. Bogotá: Instituto de Investigación de Recursos Biológicos Alexander von Humboldt. 394 p.
Sick, H. (1997) Ornitologia Brasileira. Rio de Janeiro. Nova Fronteira.
Site associado: Global Raptor Information Network
Citação recomendada:
Menq, W. (2018) Gavião-peneira (Elanus leucurus) - Aves de Rapina Brasil. Disponível em: < http://www.avesderapinabrasil.com/elanus_leucurus.htm > Acesso em:
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