Cauré Falco rufigularis (Daudin, 1800)
Ordem: Falconiformes | Família: Falconidae | Politípica (3 subespécies)
Indivíduo adulto. Foto: Kassius Santos
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Falcão pequeno e bastante ágil, caça desde andorinhões e beija-flores até morcegos. De ampla distribuição no Brasil, pode ser encontrado em florestas, bordas de matas, clareiras e em centros urbanos mais arborizados. Conhecido também como falcão-morcegueiro.
Descrição: Possui cerca de 24-29 cm de comprimento, peso de 108-148 g (macho) e 177-242 g (fêmea) (Marquez et al. 2005). Adulto apresenta o ventre negro finamente barrado de branco; garganta, papo e laterais do pescoço branco ou creme, abdômen e calções marrom-ferrugíneo, dorso negro. A cabeça é toda negra, onde destaca-se o olho escuro, contrastado com a cera e bico amarelo. A cauda é negra com pequenas faixas brancas. As pernas são curtas, amarelas, destacando os pés, igualmente amarelos, grandes e desproporcionais ao tamanho da ave. O jovem possui coberteiras inferiores da cauda amareladas e barradas de negro.
Espécies similares: Pode ser confundido com o falcão-de-peito-laranja (Falco deiroleucus), e a melhor característica para distinguir as duas espécies é pela coloração do peito. No cauré (F. rufigularis) adulto o peito é predominantemente branco, enquanto que no falcão-de-peito-laranja (Falco deiroleucus) o peito possui um colar ruivo (rufo) uniforme. Além disso, o cauré possui o corpo esbelto, tarsos finos e dedos pequenos, enquanto que o F. deiroleucus possui cabeça larga, tarsos grossos e dedos possantes e alongados, bem desproporcionais ao restante do corpo da ave.
Dieta e comportamento de caça: Caça principalmente aves (como andorinhões, andorinhas, beija-flores, periquitos e aves aquáticas pequenas), morcegos e insetos (como libélulas, borboletas e gafanhotos), principalmente no entardecer e clarear do dia. No solo pode capturar roedores e pequenos lagartos. Também pode perseguir morcegos no início da noite, a variedade de morcegos e aves na sua dieta varia muito de acordo com a região.
W. Menq (obs. pess.) registrou no interior do Mato Grosso, um F. rufigularis (macho adulto) caçando três beija-flores em uma mesma manhã. Logo ao amanhecer, de um poleiro na borda da mata, o indivíduo saiu em perseguição contra uma ave e retornou ao seu poleiro habitual com um beija-flor (Thaurulania sp) nas garras. Cerca de uma hora depois, o mesmo indivíduo apareceu com outro beija-flor (não-identificado) na qual o consumiu por completo, e quase no final da manhã o falcão saiu em caça e retornou com um terceiro beija-flor (Amazilia sp).
Reprodução: Nidifica em ocos de árvores, algumas vezes utiliza-se de ninhos abandonados de araras, papagaios ou de pica-paus. Coloca de 2 a 4 ovos, com período de incubação de 30 dias. O macho é responsável pelo fornecimento de alimenta à fêmea e filhotes, e a fêmea pela incubação. Os filhotes ficam totalmente emplumados após 35 a 40 dias do nascimento. Na região amazônica há registros de F. rufigularis utilizando cavidades em edifícios para a postura de seus ovos.
Distribuição e subespécies: Ocorre desde o México, América Central até à Argentina. No Brasil ocorre em quase todos os estados, exceto no extremo sul do país (pampas gaúchos) e nas áreas mais secas da caatinga. São conhecidas três subespécies.
- F. r. petoensis: norte do México até a América Central, Colômbia e Equador;
- F. r. rufigularis: leste da Colômbia, Guianas e Trinidade, até o sul do Brasil e norte da Argentina;
- F. r. orphryophanes: Brasil Central (Piauí, Mato Grosso do Sul, São Paulo e Paraná), Bolívia, Paraguai e norte da Argentina.
Habitat e comportamento: Habita florestas, bordas de matas e clareiras, áreas rurais, podendo aparecer em alguns centros urbanos mais arborizados. Vive solitário ou em casal, raramente plana, passa maior parte do tempo empoleirado, costuma pousar nos galhos secos das árvores mais altas da mata, destacando-se na paisagem. É parcialmente crepuscular, uma adaptação óbvia para caçar morcegos (sua presa favorita).
Movimentos: Espécie residente.
:: Página editada por: Willian Menq em Fev/2018. ::
Referências:
Antas, P. T. Z. (2005) Aves do Pantanal. RPPN. Sesc.
Del Hoyo, J. e Sargatal, J. (2004) Handbook of the birds of the world v. 9. Barcelona: Lynx Edicions.
Ferguson-Lees, J. e D. A. Christie (2001) Raptors of the World. New York: Houghton Mifflin Company.
Márquez, C., Gast, F., Vanegas, V. & M. Bechard. (2005) Aves Rapaces Diurnas de Colombia. Bogotá: Instituto de Investigación de Recursos Biológicos Alexander von Humboldt. 394 p
Marques, A. A. B. et al . Lista de Referência da Fauna Ameaçada de Extinção no Rio Grande do Sul. Decreto no 41.672, de 11 junho de 2002. Porto Alegre: FZB/MCT–PUCRS/PANGEA, 2002. 52p. (Publicações Avulsas FZB, 11).
Monroe, B.L., Jr. (1968) A distributional survey of the birds of Honduras. Ornithological Monographs no. 7.
Sick, H. (1997) Ornitologia brasileira. Rio de Janeiro: Ed. Nova Fronteira, 862p.
Silveira, L.F.; Benedicto, G.A.; Schunck, F. & Sugieda A.M. (2009). Aves. In: Bressan, P.M.; Kierulff, M.C. & Sugieda, A.M. (Orgs), Fauna ameaçada de extinção no Estado de São Paulo: Vertebrados. São Paulo, Fundação Parque Zoológico de São Paulo e Secretaria do Meio Ambiente.
Site associado: Global Raptor Information Network
Citação recomendada:
Menq, W. (2018) Cauré (Falco rufigularis) - Aves de Rapina Brasil. Disponível em: < http://www.avesderapinabrasil.com/falco_rufigularis.htm > Acesso em:
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