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Coruja-listrada Strix hylophila (Temminck, 1825)
Ordem: Strigiformes | Família: Strigidae | Monotípica

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Indivíduo adulto. Ribeirão Grande/SP. Foto: Luiz Veríssimo

Coruja endêmica da Mata Atlântica, encontrada nas florestas do sul e sudeste do Brasil. É estritamente noturna, caça desde pequenos mamíferos até aves. No período reprodutivo é bastante ativa vocalmente, possui um canto grave, transcrito como um “crocróh-crocróhcrocro”. Costuma responder muito bem ao playback do seu próprio canto ou de outras espécies de corujas. Conhecido também como mocho-listrado e corujão.


Descrição:
Mede de 35-36 cm de comprimento, peso de 249-340 g (macho) e 276-395 g (fêmea) (Holt et al. 2018). Adulto apresenta dorso marrom-escuro mesclado de castanho-claro, ventre claro com denso barrado de cor castanho-escuro. Na face apresenta um disco fácil bastante arredondado, de cor cinza-amarronzado contornado de marrom. A íris é escura, bico amarelo, e tarsos totalmente emplumados. Jovem sai do ninho com plumagem de dorso marrom-escuro, com ventre castanho barrado com creme (quase branco), face escura sem o contorno escuro do disco facial.

Vocalização: Seu canto é grave, transcrito como um “crocróh-crocróhcrocro”, podendo passar despercebido por ouvidos menos atentos. Já a vocalização de chamado é mais aguda é bem característica, esta vocalização de chamado descrita como “ioooouuunn”.

Dieta e comportamento de caça: Alimenta-se principalmente de pequenos mamíferos e aves, além de lagartos, anfíbios, aranhas e insetos. Como estratégia de caça, localiza suas presas a partir de um poleiro elevado, ao observar uma oportunidade atira-se contra a presa no solo ou em galhos na árvore.

Em Campos do Jordão/SP, W. Menq (obs. pess. 2013) observou S. hylophila sendo atraída pelo playback de Aegolius harrisii (caburé-acanelado). Nas situações observadas, a coruja pousava silenciosamente em um poleiro à baixa altura, sem vocalizar. É possível que seja um comportamento de caça, com a S. hylophila interessada em predar o simulado A. harrisii, que tem um terço de seu peso. Konig & Weick (1999) observaram algo parecido nas florestas de Missiones, Argentina. Os autores registraram por várias vezes um casal de S. hylophila aparecendo silenciosamente durante a execução de playback da Megascops sanctaecatarinae (corujinha-do-sul), que também ocorria no local. Os autores também levantaram a hipótese que a S. hylophila foi atraída pelo playback na intenção de predar a possível M. sanctaecatarinae.

Reprodução: Nidifica em cavidades ou buracos de árvores no alto de árvores, coloca de 2-3 ovos (com intervalo de até dois dias entre um ovo e outro), que é incubado pela fêmea por aproximadamente 29 dias. Os filhotes saem do ninho após 35 dias, tornam-se independentes após 4 meses, atingindo maturidade sexual após 1 ano. Em boa parte de sua área de ocorrência o período reprodutivo se inicia entre os meses de agosto e outubro, com ambos os sexos vocalmente muito ativos nesse período.

Distribuição Geográfica: Endêmica da Mata Atlântica, ocorre no sul e sudeste do Brasil (sul de Minas Gerais até o Rio Grande do Sul), leste do Paraguai e nordeste da Argentina (Misiones). Também conta com registros isolados em formações florestais no sul do Rio Grande do Sul (Pelotas).

Habitat e comportamento: Habita florestas primárias e secundárias, em altitudes que variam desde o nível do mar até 1.000 m, parecendo ter preferência pelas matas-de-araucária, onde é mais comum. Vive no estrato médio e alto das florestas, coexistindo com outras corujas grandes da Mata Atlântica.

É estritamente noturna, durante o dia se esconde na densa folhagem das árvores ou em buracos naturais. Também pode descansar próxima do tronco principal da árvore, aproveitando-se de sua camuflagem. Costuma responder muito bem ao playback do seu próprio canto ou de outras espécies de corujas.

Movimentos: Espécie residente.



:: Página editada por: Willian Menq em Abr/2018. ::



Referências:

Holt, D.W., Berkley, R., Deppe, C., Enríquez Rocha, P., Petersen, J.L., Rangel Salazar, J.L., Segars, K.P., Wood, K.L. & Marks, J.S. (2018). Rusty-barred Owl (Strix hylophila). In: del Hoyo, J., Elliott, A., Sargatal, J., Christie, D.A. & de Juana, E. (eds.). Handbook of the Birds of the World Alive. Lynx Edicions, Barcelona. (retrieved from https://www.hbw.com/node/55039 on 5 February 2018).

Konig, C. & Weick, F. (2008) Owls of the world. Segunda Edição. New Haven, Connecticut: Yale University Press.

Sick, H. (1997) Ornitologia Brasileira. Rio de Janeiro. Ed. Nova Fronteira.

 


Citação recomendada:

Menq, W. (2018) Coruja-listrada (Strix hylophila) - Aves de Rapina Brasil. Disponível em: < http://www.avesderapinabrasil.com/strix_hylophila.htm > Acesso em: .



 
 

Distribuição Geográfica:

Status: (LC) Baixo risco

Canto - (gravado por: Nick Athanas)
By: xeno-canto.



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Indivíduo adulto.
Urupema/SC, Abril de 2012.
Foto:
Matias H.Ternes
 
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Indivíduo jovem.
Ribeirão Grande/SP, Jan. 2015.
Foto:
Luiz Veríssimo